
Mulheres ligadas ao Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) realizaram, de 7 a 9 de junho, o 2º Encontro Nacional de Mulheres Catadoras de Materiais Recicláveis no Pontal do Paraná. Participaram cerca de 500 catadoras de 18 estados brasileiros, que debateram a situação da mulher catadora e a exclusão social predominante na sociedade machista.
Durante o evento, foram realizadas ofi cinas sobre políticas públicas, autoestima, família, diversidade sexual, direitos humanos e a mulher, relações interpessoais, Economia Solidária, lideranças femininas, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Logística Reversa (retorno dos recicláveis pós-consumo aos produtores) e outros temas.
As questões prioritárias levantadas pelas catadoras dizem respeito a políticas públicas que contemplem o trabalho da categoria e os direitos da mulher que hoje somam 70% da categoria organizada em cooperativas, associações e grupos nãoformalizados. “Nos preocupamos com algumas leis que já estão em vigor e que não atendem as nossas demandas, como a lei do Cooperativismo e alguns editais que são acessados, mas os recursos não chegam com rapidez às bases, como por exemplo, o da Funasa direcionada para a categoria”, declararam as mulheres catadoras no documento fi nal do encontro.
“É muito importante nos armarmos contra a avassaladora incineração que a cada dia se torna realidade em nosso país. Devemos mobilizar os estados e os municípios para constituirmos políticas públicas que assegurem que a catação não deixe de existir, já que o projeto da MNCR vai além do trabalho e da renda, pois acreditamos na transformação social e conscientização da população através da coleta seletiva. Os incineradores não representaram uma alternativa boa para os países europeus, porque seria para o Brasil?
Gostaríamos que os governantes eleitos por nós para tornar o Brasil um país mais justo, se atentassem para esse sério problema que atingirá primeiramente nós catadoras e catadores através do trabalho, mas também toda a população com a poluição do Meio Ambiente e problemas de saúde pública”, exigiram no documento público que foi encaminhado ao Governo Federal.
No dia 9 de junho de 2011, as catadoras realizaram uma grande marcha pelas ruas de Curitiba em que reivindicaram a proibição da implantação de incineradores de lixo no Brasil e contra o trabalho infantil. Foi entregue a deputados estaduais do Paraná um projeto de lei para que a incineração de lixo seja proibida no Estado. A marcha teve o apoio de várias entidades e personalidades como o expresidente Lula, que esteve presente ao ato de encerramento da Marcha.
“Vocês estão fazendo um trabalho digno nesse País, nós ainda temos muita coisa para conquistar, gente. Quando eu cheguei aqui vocês estavam gritando “não à incineração”, e nós temos de fazer disso uma batalha, uma luta, e podem contar comigo”, declarou o ex-presidente Lula em discurso.
Em ocasião do dia mundial de combate ao trabalho infantil, o encontro enfatizou os esforços do MNCR na Campanha “Criança no lixo, nunca mais” que há muitos anos chama a atenção da sociedade para o tema do trabalho infantil nos lixões brasileiros. O esforço tem surtido efeito e com a nova legislação, até 2014, todos os lixões a céu aberto devem ser fechados. Para tanto, as catadoras exigiram do Governo, educação e creches para que as crianças sejam realmente assistidas. “Criança no lixo nunca mais. O lugar é na escola e junto com os pais”, dizia o grito de ordem.
Edição N° 199 - Julho de 2011
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